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Cobra Kai nunca Morre!

  • Foto do escritor: IA Santos
    IA Santos
  • 16 de fev.
  • 4 min de leitura

ATENÇÃO: esta resenha não tem compromisso com a imparcialidade e reflete a opinião (passional) de um noventista de quarenta anos que cresceu vendo mais de duzentas e trinta e duas reprises de Karatê Kid na Sessão da Tarde e no Cinema em Casa. Leia por sua conta e risco.


Sim, o final de Cobra Kai me emocionou. Minha esposa e eu maratonamos os cinco últimos episódios da série e no fim a sensação foi de que ela entregou exatamente aquilo que esperávamos, mas de maneira curiosamente surpreendente.


Mas antes vamos voltar um pouco no tempo...


O ano é 2018, lembro de estar num churrasco conversando com meu amigo Luciano sobre as nossas expectativas sobre a estreia de Cobra Kai (no Youtube, na época). "Karatê kid contado na visão de Johnny Lawrence", um argumento bom o suficiente para fisgar a grande maioria dos millenials que cresceram tentando reproduzir o chute da garça na hora do recreio. Porém, o que nenhum de nós poderia imaginar era que a história se tornaria um fenômeno adolescentes de maior sucesso dos anos seguintes.


Se por um lado, o “teen drama” ao melhor estilo Malhação foi o principal responsável por espantar parte dos "véio paia" com o passar das temporadas, com certeza também foi um dos principais motivos do sucesso e longevidade da série.


E na minha opinião, o maior acerto na conclusão de Cobra Kai envolve justamente a competência dos roteiristas ao equilibrar esse paradoxo.


Mas antes de continuar, vamos tirar o elefante branco da sala: Cobra Kai tem MUITOS problemas narrativos, dentre eles destaca-se a trama bastante superficial e decisões de roteiros no mínimo questionáveis. Inclusive, posso afirmar sem receio de dar spoiler que alguns eventos adicionados quase "do nada" nessa reta final desafiam bastante a boa vontade do público - mesmo daquela parcela cabresteira disposta a passar pano pra bastante coisa (que é o meu caso).


Aliás, acredito ser um consenso que a trama de Cobra Kai continua sendo o seu maior ponto fraco. Se também levarmos em consideração algumas atuações bastante medíocres e motivações incoerentes por parte de alguns personagens, dá pra entender (e até concordar com) as críticas mais duras sobre a série.


Porém, afirmo com tranquilidade que todos que conseguiram suportar a superficialidade da trama e o excesso de situações inverossímeis, receberam como recompensa uma conclusão repleta de nostalgia, encerramentos de arcos emocionantes para personagens que permaneceram vivos na cultura pop por mais de três décadas.


Na minha opinião, a série brilha ao saber elevar a suspensão de descrença do público nos episódios finais enquanto nos guia para um desfecho que considerei apoteótico. Mas isso só acontece porque nós já estávamos sendo preparados para isso faz muito tempo.


Karatê Kid - e por extensão Cobra Kai - é uma história de fantasia (e não apenas ficção). Este universo fantástico se parece muito com o mundo que conhecemos, mas aqui as artes marciais são mais do que apenas esporte ou defesa pessoal; elas moldam vidas, rivalidades e até os destinos dos personagens. Aliás, não existe “arte marcial”, mas sim o karatê. Não importa se os movimentos sejam de kung-fu, capoeira, taekwondo, tudo é karatê. É preciso que o público entenda e aceite isso para continuar minimamente envolvido com a trama.


Portanto, uma vez que a premissa é entendida, torna-se muito mais fácil aceitar os exageros dramáticos, as coreografias de lutas impossíveis, o peso dramático que os personagens colocam sobre dilemas banais, adultos surrando adolescentes, a total ausência de força policial e armas de fogo, e centenas de outros elementos que se não forem superados, tornarão a imersão impossível.

E se por um lado alguns podem apontar que a narrativa da obra original não contava com tantos elementos fantásticos, por outro, seria injusto não reconhecer que Cobra Kai introduziu tais elementos desde o início da série e garantiu tempo mais do que suficiente para que no geral mantivesse a verossimilhança e coerência com a história que se dispôs a contar.


Nesse contexto, a conclusão oferece um equilíbrio quase perfeito entre ação e o desenvolvimento do arco final dos personagens. Soma-se a isso, participações especiais respeitosas, referências oportunas e easter eggs habilidosos e temos um encerramento extraordinário (no sentido literal da palavra) para uma obra que teve a audácia e a competência de homenagear e revitalizar uma franquia querida por gerações (em todos os sentidos).


Por fim, chegou a conclusão de que Cobra Kai não buscou realismo absoluto, mas sim uma continuidade fiel ao tom de sua franquia original, entregando emoção, nostalgia e entretenimento acima de qualquer preocupação com a plausibilidade (para o mal e para o bem). E ainda que tenham recorrido a muitos clichês e reviravoltas previsíveis, a reta final entrega momentos épicos que ressoam com o emocional do público. Do novo e do antigo. Isso explica por que, mesmo sendo reconhecidas suas limitações narrativas, seus últimos episódios vêm acumulando boas impressões de público e crítica.


Então que venha os spin-offs (ou não)!


E você, o que achou do final de Cobra Kai e do conjunto da obra? Diz aí nos comentários!


IA Santos

(Que não ataca primeiro, não ataca com força e tenta ser piedoso)



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