A ESCOLA FRACASSOU!
- IA Santos
- há 23 horas
- 4 min de leitura
Atualizado: há 6 horas
Cada vez menos pessoas ainda considera a sala de aula um espaço de transformação

Experimente perguntar para um adolescente “como foi a aula hoje?”. Muito provavelmente a resposta será “Humm legal” ou “Ahn Normal”. Dependendo do dia, você pode ser surpreendido com um ofensivo “chato como sempre” ou, mais raramente “até que legalzinha”.
Como professor e responsável, muitas vezes cometi o erro de achar que tratava-se apenas de apatia, preguiça ou mesmo a típica provocação adolescente. Mas essas respostas escondem uma verdade desconcertante:
A escola realmente costuma ser chata pra cacete! Já era na minha época, imagina hoje.
Será que sempre foi assim?
A escola deveria ser um instrumento de mobilidade social, de conscientização crítica, de transformação de mundo, caramba! É vergonhoso entrar no ambiente escolar e ainda deparar-se com uma lógica industrial extremamente atrasada, com turmas lotadas, horários apertados, avaliações burocráticas e um descaso paquidérmico com o real aprendizado.
O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende. Enquanto isso, gestores cobram produtividade onde não há sequer condições básicas de trabalho digno. É como se todos estivessem ali cumprindo tabela, aguardando ansiosamente para que a aula termine, que o sinal toque, que chegue logo a sexta-feira, até o fim de mais um ano letivo.
A Escola tornou-se um espaço de mentalidade limitada, antiquada, totalmente careta e descolada da realidade do aluno.
A Anti-Escola
O sistema escolar brasileiro ainda possui estrutura militar. Existe uma hierarquia silenciosa que transforma a contragosto estudantes em detentos e professores em carcereiros. Uma caricatura de mau gosto de uma organização secular e defasada. Um ambiente assim não estimula o pensamento crítico. Ao contrário, alimenta a ideia de que estudar é um fardo, uma obrigação, algo a ser suportado e não vivido com entusiasmo e curiosidade.
Pior do que uma escola que não ensina, é uma escola que ensina a não querer aprender.
O aluno não se sente impelido a questionar, a construir conhecimento por si mesmo. Em pleno avanço avassalador da tecnologia da informação, o programa escolar não se aprofunda em discutir causas e consequências, apenas apresenta fatos (que quase nunca são “fatos” de verdade).
A morte iminente da Escola
Não à toa, a falta de habilidade (para não chamar de desleixo) ao lidar com a educação dos jovens vem colaborando para o fortalecimento de um movimento assustador nas Redes Sociais: os adolescentes que afirmam não precisar de escola. São influenciadores digitais que promovem a ideia de que a educação tradicional não é absolutamente necessária para alcançar sucesso pessoal ou profissional.
E assim como eles, muitos acreditam na iminência da morte da escola como conhecemos. Temem (ou torcem para) que a Inteligência Artificial torne o magistério obsoleto e que a educação seja totalmente privatizada.
Particularmente não acredito em morte, mas em transformação. Não acredito que a solução para os gravíssimos problemas relacionados à educação esteja relacionada a discursos motivacionais, mais plataformas de ensino ou programas fundamentados em dados questionáveis. Tão pouco aprovo a maneira como as políticas inclusivas são administradas. É claro que o problema passa pela iniciativa governamental, mas nessa altura do campeonato, o discurso de que devemos nos limitar a cobrar atitude e uma postura séria dos governantes oscila entre ingenuidade e má-fé.
Então qual é a solução?
Talvez essa não seja uma das minhas opiniões mais populares, mas não posso deixar de atribuir uma parcela da culpa às vítimas diretas das consequências desse cenário de terra arrasada que se encontra o sistema educacional brasileiro. Ou seja, nós mesmos: responsáveis, alunos, professores e a sociedade em geral.
Enxergo uma parcela de conformismo da nossa parte. Greves, movimentos estudantis e reivindicação de direitos são de suma importância, mas no Brasil, esses movimentos vêm falhando miseravelmente há décadas. O demagogo pode tentar apontar supostos “avanços” e “conquistas” comparados a momentos mais sombrios, mas tais argumentos não passam de retóricas oportunas que evadem de questões mais importantes:
O sistema educacional brasileiro alcança seus objetivos?
A solução para a reforma escolar virá a partir de iniciativas governamentais?
Como a Escola pode sobreviver aos novos tempos?
E para não ficar em cima do muro vou dar as respostas para essas questões de acordo com minha percepção:
Acho que o sistema falha de maneira vergonhosa;
Acredito que a iniciativa para a reforma precisa partir dos pais, dos estudantes, dos professores e dos cidadãos em geral a partir de um consenso -ou o mais próximo disso possível - sobre quais pautas devem ser priorizadas;
Inserindo-se nos novos tempos. Seria um bom começo!
Se você também concorda que a Escola no Brasil está respirando por aparelhos, comente com sinceridade o que você acha que pode ser feito. Compartilhe esse artigo com outras pessoas que também carregam essa preocupação e continue acompanhando o blog para mais conteúdos como esse.
IA Santos
(Que até hoje não sabe como ficou com 10,0 de média em física sem ter feito recuperação)
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