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Meu Livro é um Filme Escrito

  • Foto do escritor: IA Santos
    IA Santos
  • 13 de fev.
  • 3 min de leitura

Há muitos anos atrás eu li "O Código Da Vinci". Lembro de como achei o estilo de escrita do Dan Brown extremamente fluida e de fácil entendimento. Enquanto acompanhava os personagens pelas ruas de Paris, comecei a imaginar as cenas como se tivesse vendo um filme. Não demorou para eu começar a imaginar quais atores deveriam interpretar quais personagens (e errei todos!)


Obviamente, não fui o primeiro nem o último a imaginar as páginas de um livro adaptadas para o cinema. Ao contrário, durante décadas, Hollywood buscou inspiração nos livros para criar grandes histórias. Tem até uma categoria do Oscar dedicada a isso!


No entanto, ontem li algo que me chamou muita atenção em um desses anúncios pagos do Instagram. O anúncio dizia:


Se o seu livro não puder ser adaptado para um filme ou série, ele já nasce morto no mercado editorial!


A propaganda cumpriu pelo menos parte do seu objetivo, uma vez que, apesar de não clicar no link, peguei-me refletindo sobre aquela afirmação durante um dia inteiro até que depois de algumas ponderações decidi escrever este texto.


A literatura agora obedece às regras do cinema!


Pense nos livros que mais fazem sucesso atualmente. Perceba como muitos deles adotam determinadas características como:


✔️ Capítulos curtos, que terminam com Cliff Hangers

✔️ Narrativas cheias de descrições visuais detalhadas

✔️ Diálogos rápidos e dinâmicos

✔️ Estruturas que seguem fielmente o modelo dos três atos


E o que tudo isso tem comum? Todas são técnicas e linguagens narrativas predominantemente usadas no cinema!


Mas o que isso tem de errado?


Sinceramente? A princípio, acreditava que não havia nada de errado nessa "mudança de paradigmas" da escrita criativa. Alguns chamariam até de "evolução da escrita", mas eu seria mais cauteloso quanto essa afirmação.


Até mesmo porque, estaria sendo hipócrita se tentasse esconder a fortíssima influência que o cinema (e os desenhos animados) tiveram no meu estilo de escrita. Aliás, muitos dos feedbacks que tive quando publiquei a primeira edição do "A Derradeira Caçada" foi justamente o impacto visual da narrativa. "Li o livro como se tivesse vendo um filme", cheguei a ouvir de uma leitora. E, pra ser completamente honesto, encarei como elogio e não como crítica. Dito isso, também tenho que admitir que talvez nem tudo sejam flores...


O que podemos estar perdendo


Aparentemente, cada vez mais autores escrevem seus livros pensando na adaptabilidade da obra. Afinal, "uma história que pode virar uma série ou filme tem mais chances de alcançar um público maior" ou, como disse o texto da propaganda: se não puder ser adaptado já nasce morto para o mercado!


Infelizmente, esse tipo de pensamento faz com que alguns escritores e leitores (e o próprio mercado) se cegarem para algo que deveria ser óbvio dentro da literatura: algumas narrativas funcionam melhor no papel do que na tela, e isso jamais deveria ser considerado um problema!


Atualmente, livros que não seguem essa tendência podem ser vistos como "difíceis", "lentos" ou até "pouco comerciais". Nesse contexto, obras que estimulam introspecção e a profundidade dos personagens podem estar sendo preteridas diante daquelas que priorizam uma narrativa mais visual e "acelerada". Um cenário onde o mercado acaba sendo tomado por autores que moldam suas histórias para um público que prefere assistir a ler.


E isso torna-se um problema uma vez que a literatura acaba se tornando um apêndice do cinema, ao invés de manter sua identidade própria.


Mas há quem discorde...


Muitas personas envolvidas no cenário literário (escritores, leitores, agentes, editoras) defendem que essa transição é inevitável e até positiva. Afinal, leitores modernos estão acostumados a consumir histórias rápidas e dinâmicas. Para eles a literatura estaria apenas se adaptando aos novos tempos.


E você acha que essa tendência melhora ou empobrece a literatura?


IA Santos

(Não ligaria de ver o Eldon Wilton ser interpretado pelo Peter Dinklage)






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